terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Filmes Espanhóis

Hoje é terça-feira, hora do resultado da enquete. Foram dias de tensão e pra alegria da minha querida amiga Cristine Castro, o vencedor foi o post sobre filmes espanhóis.

Não sei se preciso mesmo fazer tal comentário, mas vamos lá: Filmes espanhóis não incluem filmes mexicanos, argentinos, venezuelanos, etc. Então, se você estranhar a ausência do maravilhoso Amores Brutos (2000) e do belíssimo O Segredo dos Seus Olhos (2009), tá explicado.

O cinema espanhol é muito diversificado, embora tenha conquistado notoriedade após a consolidação na indústria cinematográfica de outros países europeus, como a França e a Alemanha. Atualmente, a Espanha continua produzindo obras marcantes, principalmente nos gêneros suspense e fantasia, que deixam qualquer cinéfilo babando.



O Habitante Incerto
(El Habitante Incierto, 2004)

Quem nunca teve medo de ficar só em casa, né mesmo? Agora... Quem já teve medo de NÃO estar só em casa? Pois é. Félix é um arquiteto que pensou cuidadosamente cada detalhe de sua enorme casa. Um dia, permite que um homem estranho use seu telefone e, após um momento de distração, o homem desaparece. A porta da casa está aberta, mas será que ele foi mesmo embora?

Adoro esse filme! É daqueles tão tensos que você tem vontade de dar forward só pra ver logo o que vai acontecer.

O diretor é o Guillem Morales, responsável também pelo filme Os Olhos de Julia (2010), que merece ser conferido.




Prisão de Cristal
(Tras El Cristal, 1987)

Prisão de Cristal é um filme muito interessante e diferente, dirigido por Agustí Villaronga. Conta a história de Klaus, um sádico pedófilo nazista que tenta, sem sucesso, cometer suicídio após assassinar cruelmente uma de suas vítimas. Klaus acaba paralítico, preso numa espécie de pulmão de vidro, dependente dos cuidados de sua mulher, Griselda, e de sua filha, Rena.

Cansada, Griselda resolve contratar alguém para ajudá-la nos cuidados com o marido. Daí surge um jovenzinho, que se diz enfermeiro, e parece muito interessado em Klaus. O quanto ele está interessado, ninguém imagina... Até que as intenções do rapaz são gradualmente reveladas.

Filme frio, tenso e nauseante. Não tenho como definir melhor. Mas é um filme que deve ser visto.




Pão Negro
(Pa Negre, 2010)

Pão Negro é do mesmo diretor de Prisão de Cristal, Agustí Villaronga. Você poderia perceber isso durante o filme por vários detalhes: crianças sofrendo o pão que o diabo amassou, uma visão pessimista sobre relacionamentos familiares baseados em segredos e mentiras, e o surgimento de uma sombra negra e pesada que destrói a inocência infantil. Tudo isso num clima pesado, frio e escuro. Tenso. Muito tenso.

O drama se passa na Espanha, mais precisamente no interior da Cataluña, durante os anos pós-guerra civil, e foca na vida de Andreu, um garotinho (do lado perdedor da guerra) que encontra os corpos de um homem e seu filho, e corre pra chamar a mãe. A partir daí, pra Andreu, vai tudo por água abaixo. As autoridades passam a responsabilizar seu pai pelas mortes e Andreu toma pra si a obrigação de provar sua inocência.

Acho que não vale dizer mais nada. O gostoso mesmo (embora “gostoso” esteja bem longe desse filme) é ir vivendo as situações junto com o personagem.

Imperdível. 




Mar Adentro (2004)

“Nara, qual é o teu filme favorito?”

Não sei. Só sei que, se eu fosse obrigada a escolher um, Mar Adentro estaria entre as maiores possibilidades de escolha. Porque, convenhamos, o que é o Javier Bardem, hein? Senhor... Conserva! É sempre um deleite ver esse homem atuando.

Mar Adentro, dirigido por Alejandro Amenábar, é um filme lindo, um encanto até mesmo nos momentos mais desesperadores. Baseado na história real de Ramón Sampedro, que passou anos lutando pelo direito de acabar com a própria vida, após sofrer um acidente (?) e ficar paralítico do pescoço para baixo.

O filme centraliza a atenção na relação de Ramón com duas mulheres: uma advogada, Julia, que apóia sua causa e tenta aprofundar seu conhecimento sobre ele, e a ajudante Rosa, uma mulher simples, que tenta convencê-lo do valor da vida.

Agora um pedacinho que traduz toda a beleza do filme:


“Mar adentro, mar adentro,
y en la ingravidez del fondo
donde se cumplen los sueños,
se juntan dos voluntades
para cumplir un deseo.

Un beso enciende la vida
con un relámpago y un trueno,
y en una metamorfosis
mi cuerpo no es ya mi cuerpo;
es como penetrar al centro del universo:

El abrazo más pueril,
y el más puro de los besos,
hasta vernos reducidos
en un único deseo:

Tu mirada y mi mirada
como un eco repitiendo, sin palabras:
más adentro, más adentro,
hasta el más allá del todo
por la sangre y por los huesos.

Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos.”


Já estão chorando? Eu já.






Cela 211
(Celda 211, 2009)

Agora algo menos choroso, por favor, né? Cela 211 é um excelente filme de ação!

Juan está pronto para o seu primeiro dia de trabalho como carcereiro numa prisão de segurança máxima, mas ao chegar, sofre um acidente e fica inconsciente. Minutos depois, uma rebelião inicia e os colegas de Juan fogem, deixando-o desmaiado e abandonado na cela 211.

Quando Juan acorda, rapidamente percebe sua situação e adota a única estratégia que lhe parece possível: se passar por um dos detentos. Com essa nova identidade, Juan terá que apelar para a sorte e para a sua criatividade, porque o ambiente é perigoso e alianças precisam ser formadas se ele quiser sobreviver.

Muito, muito, muito bom! Daniel Monzón, estou de olho em você.





Abraços Partidos
(Los Abrazos Rotos, 2009)

Impossível falar de cinema espanhol sem citar pelo menos uma vez o grande gênio contemporâneo, Pedro Almodóvar. Não quero esticar muito porque pretendo fazer um post só com ele, óbvio.

Escolhi como representante do mestre uma produção menos óbvia, mas que é uma das minhas queridinhas. Abraços Partidos é um filme sobre amor e obsessão, vingança e redenção.

Harry Caine é um escritor cego que mora em Madri e é assessorado por Judit e seu filho, Diego. Quando Harry fica sabendo da morte de Ernesto Martel, um rico empresário, o seu passado começa a ecoar. Acompanhamos, então, a história de Mateo Blanco, nome verdadeiro de Harry, e seu trágico envolvimento amoroso com Lena, a amante de Ernesto.

Peço que você dê atenção especial pra cena das fotografias picotadas. É de partir o coração.




Abra os Olhos
(Abre los Ojos, 1997)

E Já que estamos falando de Penélope Cruz, eis outro filme imperdível.

Infelizmente, Abra os Olhos é conhecido apenas pelo seu remake americano, Vanilla Sky (2001), que também traz Penélope no papel de Sofia e é bonzinho. Mas sinceramente? Fique com o original que é bem melhor.

A história você já deve conhecer (se não conhece, saiba que você tem o meu desprezo): César, um jovem homem de sucesso, muito bonito, encontra o amor de sua vida, Sofia, durante sua festa de aniversário. Acontece que a ex-namorada de César, Nuria, não aceita o término e, ao convencer César a aceitar sua carona, joga o carro contra a parede numa tentativa de suicídio e assassinato. César sobrevive, mas seu rosto está permanentemente desfigurado.

Excelente filme também dirigido por Alejandro Amenábar (seu LINDO!), que merece ser valorizado e apreciado como a obra original que realmente é. Obrigatório! 




Viridiana (1961)

Almodóvar é o mestre do cinema espanhol contemporâneo? Sim, claro. Mas antes dele houve outro, talvez ainda maior: Luis Buñuel. Também irei mimá-lo devidamente num post especial.

Viridiana é uma mocinha muito bonita que está prestes a tornar-se freira, mas interrompe sua formação para atender ao chamado de seu tio, responsável por seu sustento, a quem Viridiana devota pouca afeição, mas considerável gratidão.

Ao chegar, a moça é assediada por seu tio, que vê nela a imagem perfeita de sua falecida esposa. Sem conseguir suportar a rejeição da sobrinha, o tio comete suicídio. Como herdeira, Viridiana busca redimir-se de sua culpa e cria um abrigo para mendigos na mansão do tio. Acontece que as coisas não vão sair exatamente como ela espera...

Difícil resumir Viridiana. É um filme tão denso, cheio de matizes importantes que abrem muitos espaços para interpretações. Posso dizer que, como todo filme do Buñuel, Viridiana é carregado de cinismo, humor negro, contravenções sociais, chacotas com a igreja católica e alfinetadas nos valores burgueses. Deliciosamente incorreto! 





Outros filmes obrigatórios:

El Dia de la Bestia (1995)
Cría Cuervos (1976)
Os Olhos da Cidade São Meus (Angustia, 1987)
O Quarto do Bebê (La habitación del niño, 2006)
Os Olhos de Julia (Los ojos de Julia, 2010)
A Espinha do Diabo (El espinazo del diablo, 2001)
O Labirinto do Fauno (El laberinto del fauno, 2006)
O Orfanato (El orfanato, 2007)


Espero que tenham gostado do post. No final da semana volto com novas dicas e uma nova enquete!

xxx

2 comentários:

Talita S. disse...

Depois de trÊs (Oo') dias baixando, assisti hoje o "Habitante Incerto"... ADOREI!!!

Nara Barreto disse...

Se fosse fácil não tinha graça, né, bonita?? hahaha.. Ainda bem que tu gostou! Já pensou se, além da espera, ainda fosse ruim?? :P

Beeeeijo! :*